Espaço Científico Cultural

CHAMBERLAND E O PARAÍSO PERDIDO

 

1a. Parte - Chamberland
capítulos L a LIV



Você está ouvindo "Canaval na Barra"
de Alberto Mesquita Filho com arranjo de
Paulo Rodrigues Camargo Júnior

Capítulo L

      QUARTA-FEIRA. Terminada a aula de Inglês fui com o Coroa para o estacionamento. No meio do caminho, uma surpresa:

      ¾ Simão? Rodrigo? O que é que vocês estão fazendo aqui?

      ¾ Se Maomé não vai à montanha, a montanha vem a Maomé. Viemos convidá-lo para um chope. Terminei agora o último exame e estou a fim de comemorar as férias.

      ¾ Legal! ¾ falei. ¾ E como as nossas férias ainda não chegaram, vamos comemorar o término da apostila 4. Hoje concluímos a metade do programa. Eu vou levar uns amigos. Ah, esse é o Coroa; eu já falei dele pra vocês. Coroa: o Simão e o Rodrigo.

      ¾ Muito prazer.

      ¾ Você vai com a gente, né, Coroa? Deixe eu ver se acho o Cazuza. Ô, que sorte, ele vem vindo. O Cazuza me falou de um barzinho que me deixou com água na boca. Vamos lá?

      ¾ Como você quiser, João, ¾ disse o Simão. ¾ É bom pra variar.

      ¾ Ei, Cazuza, vamos tomar um chope? Oh, não! O Xarope está com ele. Que mancada!

      ¾ Onde vamos, João? ¾ falou o Xarope. ¾ Conheço um bar aqui perto que é jóia. Tem lugar no carro do vovô?

      ¾ Olha, Xarope, quem vai dizer onde vamos é o Cazuza. Ele já deu um toque sobre um bar próximo à casa dele.

      ¾ Legal! ¾ falou Cazuza, ¾ assim eu passo em casa e pego o violão.

      ¾ Então vamos, ¾ disse o Coroa.

Capítulo LI

      ¾ GARÇOM, chope para todo mundo ¾ pediu o Simão.

      ¾ A Glorinha não quis vir, Simão? ¾ perguntei.

      ¾ Não ¾ respondeu. ¾ Mas eu agora estou em outra. A Glorinha não quer nada mesmo comigo. Agora eu me amarrei na Rosangela.

      ¾ A Rosângela da drogaria?

      ¾ Ela mesma.

      A noitada começou gostosa. Chope em abundância e muita vontade de todos em se divertir. Mas de repente a coisa esfriou. O Coroa e o Caneco ficaram discutindo sobre macrobiótica; Rodrigo grudou os olhos nos dois e calou-se; o Xarope disse que ia cumprimentar uns amigos e não havia meio de voltar; e o Cazuza parecia estar em outro mundo. E eu sobrei.

      Comecei então a rememorar as aulas da semana. O Paulão, há duas aulas, vinha nos atormentando com a escravidão, e o Claudio com o feudalismo, e as palavras pululavam na minha cabeça: escravidão, servidão, prisão,...

      ¾ Mais um chope, senhor?

      ¾ Oh, yes. I'd like someone! ¾ O Enéas que se cuide, pensei.

      Cazuza, violão na mão, entre um chope e outro ensaiava um repente.

      ¾ Dê-me uma rima pra paz, ¾ falou.

      ¾ Que tal alcatraz?

      A interrupção levou-me para a aula de Geografia. O Regalo terminara o capitalismo com uma frase de impacto: Se o mundo ficar em paz, a economia americana entra em crise. Tentava compor as idéias quando o Cazuza novamente me interrompeu:

      ¾ Um sinônimo pra Paz na Terra, ¾ pediu.

      ¾ Guerra! ¾ bradei, e deixei o cursinho de lado. Lembrei-me da Glorinha. Que pernas! Que anatomia!... Não!!! Anatomia me lembra as aulas do Júlio César; e a Glorinha é mais que isso. Glorinha é um...

      ¾ Que mais há em seu mundo? ¾ perguntou Cazuza.

      ¾ Amor, ¾ respondi.

      Foi então que o espírito do Gregório de Matos baixou em Cazuza (ou teria sido a aula do Medina?):

      ¾ Estranho o mundo em que vivem
      ¾ As criaturas do Senhor;
      ¾ Nele, pasmem, coexistem
      ¾ Alcatraz, Guerra e Amor.

      ¾ Bravo! ¾ gritei. E o Simão e o Coroa nem se tocaram.

      Cazuza ficou feliz da vida com o improviso e acredito que surpreso consigo mesmo. Largou o violão e ficou aguardando mais algum comentário.

      ¾ Gostei, ¾ falou Rodrigo, ¾ mas os dois aí te ignoraram. Acho que estão trocando receita de bolinho. Vamos ouvir mais de perto?

      Não era bolinho. O Coroa estava ensinando o Simão a fazer yakisoba macrobiótico; um prato japonês adaptado à macrobiótica. Pode?

      ¾ Ei! Vocês vieram aqui pra beber ou pra discutir arte culinária? ¾ gritou Cazuza. ¾ As meninas não esqueceram de trazer o crochê?

      ¾ Da próxima vez vou convidar o Chico Nery ao invés do Coroa ¾ falei; ¾ assim pelo menos ele nos ensina a geometria do copo de chope, que é bem mais interessante.

      ¾ Vocês não sabem o que estão perdendo ¾ disse Simão. ¾ O Coroa é mestre em forno e fogão.

      ¾ Só se for em fogão macrobiótico ¾ falei. ¾ E assim mesmo, só em teoria, não é Mestre? Mas vamos mudar de assunto, pô! Se ninguém tem nada melhor para contar, vamos falar de capitalismo. O Regalo deu uma aula sobre o assunto esta semana e eu ainda não consegui entrar na dele. Que me diz do capitalismo e do comunismo, heim Coroa?

      ¾ O mundo compõe-se fundamentalmente de três facções ¾ falou o Coroa: ¾ os aproveitadores e o povo.

      ¾ Ué, não eram três? ¾ estranhou Cazuza.

      ¾ Entre os aproveitadores situam-se aqueles que se dizem capitalistas e aqueles que se dizem comunistas, ¾ concluiu o Coroa.

      ¾ Mais um chope, senhor?

      ¾ Sim, mais uma rodada.

      ¾ Não existem exceções a sua regra? ¾ perguntei. ¾ Não se pode ser comunista ou capitalista por ideal?

      ¾ Sim! ¾ falou o Coroa. ¾ O mundo está cheio de idiotas. Mas os maiores somos nós, que aceitamos tudo pacificamente.

      ¾ Então você é de centro! ¾ exclamou Simão.

      ¾ O centro não existe. O que existe são homens sem caráter. Uma moeda só possui duas faces: cara ou coroa.

      ¾ E onde você coloca o povo? ¾ perguntou Cazuza.

      ¾ Nós estamos fora dessa moeda. E só nos resta criar coragem, força e determinação para jogar essa moeda no lixo, pois que de lá ela não deveria ter saído. Só assim chegaremos à síntese com que Marx sonhou, embora não a tenha colocado nestes termos. Olha, quer saber, este assunto não está com nada. Discutir política no Brasil é o fim do mundo. Não temos políticos! Só salafrários e incompetentes.

      ¾ Então sugiro que cantemos a marcha de carnaval do Coroa, ¾ falei. ¾ Nisso o Brasil é bom.

      ¾ Legal! ¾ vibrou Cazuza enquanto pegava o violão.

      ¾ Deixe ver se me lembro, ¾ falei. ¾ Confesso, já fiz de tudo / Contudo...

      ¾ Qual é o tom, Coroa? ¾ perguntou Cazuza.

      ¾ Não, essa não, é muito sofisticada. Eu tenho outras melhores, ¾ esnobou o Coroa. E enfiou a mão no bolso, extraindo um papelzinho de sua carteira.

      ¾ Mais um chope, senhor?

      ¾ Sim, ¾ falou o Caneco. ¾ É agora que vai esquentar.

      ¾ Vejam esta, ¾ completou o Coroa. ¾ Eu fiz em janeiro, em Barra do Garças. Dó maior, Cazuza, é assim:

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Carnaval na Barra - Música e letra de Alberto Mesquita Filho com arranjo de Paulo Rodrigues Camargo Júnior
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Carnaval na Barra

 

Este ano o Carnaval vai sê na Barra,
É lá qu'eu vô pulá,
Na confluência do rio Garças co'Araguaia, 
Nem dá pr'acreditá.                                                   
/    bis

Não vô para o salão,
Nem vô puxá cordão,
Na praça eu vou ficar,
Até me embriagar,
E quando a Cantina do Porto fechá,
No Araguaia eu vô pulá.

Mas este ano o Canaval vai sê na...

 

Carnaval na Barra - Música e letra de Alberto Mesquita Filho com arranjo de Paulo Rodrigues Camargo Júnior
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      Cantamos umas dez vezes e neste ínterim o Xarope chegou e entrou na farra. O Caneco ensaiou a batucada sem acertar uma. Efeito do chope, talvez. Depois o Coroa nos ensinou outra de suas músicas. Ele começava pulando no embalo da Mangueira e terminava sambando na Sapucaí. Foi um sucesso.

      ¾ Coroa, você não gosta do Carnaval de São Paulo? ¾ perguntou Cazuza.

      ¾ Eu vou onde a minha poesia me leva, ¾ respondeu o Coroa todo inflamado.

      A bagunça continuou e até o Caneco já estava acertando a batucada quando ouvimos:

      ¾ Bem, jovens, eu já estou indo. ¾ Era o Coroa que olhava a conta trazida pelo garçom.

      ¾ Mas nós acabamos de chegar! Quem pediu a conta? ¾ reclamou Simão. ¾ Agora que estava esquentando? Vamos tomar mais um...

      ¾ O Coroa pagou a conta! ¾ exclamou Rodrigo feliz da vida. ¾ Garçom, reabre a mesa que eu hoje estou a fim de gastar.

      ¾ Bom, turma, eu vou pegar uma carona com o Coroa, ¾ falei.

      ¾ Não estou te conhecendo, João. O cursinho não está te fazendo bem? Ou será que é o Coroa que está te levando pro bom caminho? Sai pra lá! Mangalô pé de pato treis veis ¾ falou Simão enquanto batia na mesa, e acrescentou: ¾ Larga o Coroa que eu te levo pra casa.

      ¾ Não é isso, gente. É que eu estou atrasado com a tarefa complementar. Se eu chego tarde em casa eu não acordo pra estudar. Até mais, gente, foi legal vocês terem se lembrado de mim.

      ¾ Tchau pra todos. Foi um grande prazer estar com vocês, ¾ acrescentou o Coroa enquanto cumprimentava cada um.

Capítulo LII

      É HOJE QUE EU entorto o Coroa, pensei enquanto nos dirigíamos ao estacionamento. Se ele for tão católico quanto diz, quero ver como se sai dessa.

      Assim que entramos no carro, perguntei:

      ¾ Coroa, o que você acha desses padres que se dizem comunistas e ficam na igreja fazendo propaganda de candidatos de esquerda?

      ¾ São padres, mas nem por isso deixam de ser ateus. Desconhecem o Evangelho de Cristo. Trocaram-no pelo Evangelho de Marx.

      ¾ E em que eles são contra Cristo? Não defendem os pobres, como Cristo?

      ¾ Talvez os defendam com segundas intenções. Leia o Novo Testamento e você encontrará inúmeras respostas a sua pergunta. Mas para que não fique no vazio, apontarei uma delas que está no Evangelho de Lucas:

"... não fiquem aflitos, procurando sempre o que comer ou o que beber. Porque os ateus deste mundo é que vivem procurando todas estas coisas. O Pai sabe que vocês precisam de tudo isso. Ponham o Reino de Deus em primeiro lugar nas suas vidas, e Deus lhes dará todas essas coisas"

      ¾ Mas esse trecho não é dirigido aos ricos?

      ¾ Sim e não. Cristo não pregou aos pobres ou aos ricos mas sim aos filhos de Deus.

      ¾ Então você acha que devemos ficar ao Deus dará?

      ¾ Não, o que eu acho é que é muito difícil ser cristão. É mais fácil ser marxista. Em Lucas encontramos também:

"...vai haver mais alegria no céu por uma pessoa de má fama que se arrepende, do que por noventa e nove de boa fama que não precisam se arrepender."

      ¾ Este foi tema de várias poesias de Gregório de Matos.

      ¾ Sim. E este foi um dos temas esquecidos pelos padres a que se referiu.

      ¾ Você é contra os padres?

      ¾ Não. Não sou contra ninguém. Procuro ser a favor... Mas não gosto de padres ateus. E a igreja católica tem muitos padres bons.

      ¾ O que você acha das outras religiões?

      ¾ Não tenho opinião formada. Mas acho que representam os vários rebanhos de um mesmo Pastor.

      ¾ Ecumenismo?

      ¾ Não da forma como ele é colocado.

      ¾ Como assim?

      ¾ Tome as religiões universais. O que há de comum entre elas?

      ¾ Não sei. Muitas coisas, acho.

      ¾ Sim, muitas coisas. Mas uma se destaca: os judeus estão esperando o Messias; os cristãos, sejam eles católicos, protestantes ou ortodoxos, estão esperando o retorno do Cristo; os budistas aguardam a vinda do Buda Maytreya que, para alguns monges budistas, nada mais é que o próprio Cristo; e o Bhagavad Gita...

      ¾ Você está querendo dizer que todos os rebanhos estão esperando pelo mesmo Pastor?

      ¾ Não seria engraçado? E não acabaria com a arrogância de muito religioso metido a besta? Isso confirmaria o ditado popular que diz que Deus escreve direito por linhas tortas. Ou não?

      ¾ Fantástico! Seria a maior pedra a entrar no sapato da humanidade. Mas então, para você todas as religiões são uma só?

      ¾ Não. Apenas o Pastor é um só.

      ¾ Como assim?

      ¾ As folhas de vários galhos pertencem à mesma árvore, mas não saltam de galho em galho; os que saltam são os macacos, mas estes não pertencem à árvore.

      ¾ Os macacos seriam os hereges?

      ¾ É mais ou menos isso. Cada folha nasce para permanecer fixa ao seu galho.

      ¾ Mas no outono as folhas caem, pelo menos na zona temperada.

      ¾ E nós também, enquanto habitarmos a árvore do bem e do mal.

      ¾ Ou a árvore da ciência?

      ¾ Como queira.

      ¾ Como vê a vinda do Messias? Haverá o apocalipse? As folhas serão arrancadas da árvore?

      ¾ Para alguns haverá o apocalipse; para outros o retorno à árvore da vida, ao paraíso perdido.

      ¾ Estamos chegando.

      ¾ Sim, mas hoje eu vou levá-lo até a sua casa. Já está muito tarde. Explique o caminho.

Capítulo LIII

      NOS DIAS QUE SE seguiram o João continuou me testando. Ciência, economia, política, religião,... e quase sempre de forma embaralhada. De certa feita ele me questionou sobre a vida de Isaac Newton:

      ¾ É verdade que as grandes descobertas de Newton foram todas feitas no ano de 1666 e publicadas posteriormente?

      ¾ Sim ¾ respondi. ¾ Foi um ano em que as Universidades ficaram fechadas devido à Peste Negra, parece.

      ¾ Coroa, o que você acha do cientificismo?

      ¾ Ora, João, onde você está querendo chegar? O assunto é complexo.Se quiser eu lhe empresto um livro sobre isso, mas só depois do vestibular, tá legal?

      ¾ É que eu andei lendo alguma coisa, ¾ falou João, ¾ e conclui que o cientificismo é como uma religião. É o endeusamento da tecnologia.

      ¾ O tema é mais complexo que isso, João.

      ¾ Eu sei, mas para mim é a religião dos tempos modernos.

      E mudando de assunto, perguntou:

      ¾ Você sabia que Newton era ligadão no apocalipse?

      ¾ Sim, mas isso foi nos últimos anos de sua vida. E Newton teve uma vida longa. Parece que ele deixou algo escrito sobre o assunto, mas aqui no Brasil vai ser difícil encontrar.

      Às vezes eu achava que o João estava com a cabeça confusa de tanto estudar; em outras eu julgava que ele estava me escondendo alguma coisa. De qualquer forma, nosso relacionamento estava se tornando monótono. Vira e mexe descambávamos para temas como apocalipse, religião, reencarnação, etc., etc., etc.

      É, pensei, o João está aderindo ao misticismo E pelo visto, de uma forma séria, diferente da minha.

Capítulo LIV

      O PENÚLTIMO DIA de aula do semestre foi numa quinta-feira. Terminado o Laboratório de Redação, procurei pela Simone.

      ¾ Ela deu no pé, Coroa, ¾ falou João. ¾ O Rabelo veio buscá-la e ela ficou com vergonha de te contar. Eles estão namorando.

      ¾ Bem, então vamos.

      ¾ O Laboratório hoje foi legal, heim Coroa? Eu achei o maior barato a anedota búlgara do Carlos Drummond.

      ¾ Isso porque nenhuma das propostas era da FUVEST, não é mesmo? ¾ brinquei.

      ¾ Pode ser ¾ falou João e mudou de assunto: ¾ É verdade que você não vem amanhã?

      ¾ Sim, não agüento mais, ¾ respondi. ¾ Amanhã eu vou botar as minhas coisas em ordem e domingo eu puxo o carro. Noviorque, aqui vou eu.

      Entramos no carro. O João deixou de falar e permanecemos em silêncio até a entrada para a via expressa oeste-leste. E então, perguntou:

      ¾ Coroa, o que você acha do espiritismo?

      ¾ Pô, João, você já vem com essa história de religião? Eu já disse tudo o que penso sobre o assunto.

      ¾ Eu queria apenas confirmar. Sabe o que é? É que minha mãe não vai com a cara do Rodrigo; e só porque ele é espírita.

      ¾ Isso é bobagem, João. Sua mãe vai acabar se acostumando com a idéia. Hoje os tempos são outros.

      ¾ Eu já disse isso pra ela, mas ela é como o Rodrigo diz: uma quadradona.

      ¾ Eu acho que você não devia se preocupar com isso. Afinal, o Rodrigo é apenas... Hei, pera aí, João, acho que agora estou entendendo: o Rodrigo não é o irmão daquela gata de quem você vive falando?... Como é mesmo o nome dela?...

      ¾ Glorinha. Você vai conhecê-la no meu aniversário.

      ¾ Pois eu acho que a sua mãe vai ter mesmo que se acostumar com a idéia. A coisa é mais séria do que eu pensava. Você está amarradão na Glorinha, não é isso?

      ¾ Você acha?

      ¾ Não, eu tenho certeza.

      ¾ Mas a Glorinha é irmã do meu melhor amigo!

      ¾ E daí? Você está apaixonado, João, e isso não é pecado.

      ¾ Sei não, a Glorinha me enxerga como um garotão. E depois, tem o Simão...

      ¾ Mas o Simão não está em outra?

      ¾ Parece que sim, mas nunca se sabe com certeza.

      ¾ Quer um conselho de amigo, João? Vai firme que você não vai se arrepender. A Glorinha foi feita para você. É questão de saber dobrá-la. E depois, você não é mais o garotão que começou o cursinho, podes crer. Você amadureceu e a Glorinha também já deve ter notado isso. Tchau, João, chegamos. Pense bem no que eu falei.

      ¾ Até agosto, Mestre. Boa viagem. Me mande um cartão do Canadá.

 

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Capítulo LV

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